
Doença ainda é a principal causa de morte por câncer em mulheres acima dos 40 anos. Detecção precoce aumenta chances de cura em mais de 95%.
Com a chegada do Outubro Rosa, mês da campanha de conscientização para alertar sobre o câncer de mama, a ginecologista e especialista em prevenção do câncer na mulher, Nathalie Raibolt, alerta para os efeitos da pandemia na baixa procura por exames de rotina e para o alto número de casos de mortes que poderiam ser evitadas com o diagnóstico precoce. De acordo com um levantamento online, realizado pelo Ibope Inteligência em setembro de 2020, 62% das participantes deixaram de realizar consultas e exames de rotina importantes para a prevenção do câncer. Mesmo com a retomada da maioria das atividades em 2021, novo levantamento realizado no mês passado mostrou que 47% das mulheres no Brasil continuam sem se consultar com ginecologistas ou mastologistas em decorrência da pandemia. “O câncer de mama ainda é o que mais mata mulheres no mundo e no Brasil. E essa realidade poderia ser diferente, se as pessoas tivessem consciência da importância das consultas e exames de rotina. Um tratamento precoce significa 95% mais chance de cura”, explica a médica.
De acordo com o estudo do Ibope inteligência, 42% das participantes disseram acreditar que o autoexame seria suficiente para detecção da doença. “O autoexame apenas não é suficiente, pois ele detecta nódulos a partir de 2 centímetros, o que significa que a doença está em estágio avançado. Um diagnóstico precoce – na presença de nódulos ainda menores – pode não somente salvar vidas, mas também preservar uma mama e evitar cirurgias reparadoras mais agressivas”, completa Nathalie Raibolt. “Por isso, a mamografia e o exame clínico realizado por uma médica são fundamentais a partir dos 40 anos, quando a doença começa a aparecer com mais frequência”.
VACINA E EXAMES PREVENTIVOS
A vacina contra o covid-19 trouxe, ainda, mais uma preocupação para as mulheres que deixaram de fazer seus exames de rotina: algumas vacinadas têm apresentado linfonodos aumentados (gânglios) que podem ser confundidos com sintoma de câncer, quando na verdade costuma ser uma reação comum e passageira. Para aquelas que estão com os exames atrasados, os sintomas acabam sendo uma preocupação a mais. Foi assim para Juliana Spektor, de 46 anos. A médica estava há quase dois anos sem realizar os exames de rotina quando notou nódulos nas axilas. “Não associei a um efeito da vacina e me apavorei. Liguei correndo para a minha médica, que logo me acalmou sobre os efeitos da vacinação. Mesmo assim marquei logo a consulta e coloquei meus exames em dia”, lembra.
Apesar de ter oferecido consultas online durante a pandemia, a ginecologista Nathalie Raibolt notou uma importante queda na procura por consultas de rotina e prevenção em 2020. “Algumas pacientes só começaram a retomar os cuidados com a saúde há cerca de 2 ou 3 meses. Mesmo sabendo dos efeitos da vacina, é preciso realizar todos os exames para descartar um câncer. E se a pessoa tiver recebido a vacina recentemente, é preciso esperar para realizar a mamografia, o que pode aumentar ainda mais a angústia dessa paciente”, alerta a ginecologista. “Ainda assim, é muito importante acompanhamento médico!”
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil mais de 66 mil novos casos de câncer de mama e será responsável por 15,5% de óbitos por câncer em mulheres, também a cada ano. Para evitar dúvidas de diagnóstico, o Inca recomenda que a mamografia de rastreamento seja realizada de quatro a seis semanas após a vacinação contra a covid-19.




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