A Comissão do Cumpra-se, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), se reuniu nesta segunda-feira (12/05), em audiência pública, para debater a relação entre a cultura e as mudanças climáticas. O encontro, realizado na sede do Parlamento, contou com a presença de representantes dos setores cultural e ambiental que abordaram os impactos das tragédias climáticas sobre o patrimônio cultural, a importância da arte na conscientização e mobilização social, e o papel da cultura como aliada estratégica na prevenção de desastres e na reconstrução de comunidades atingidas.
O presidente da Comissão, deputado Carlos Minc (PSB), defendeu a urgência de integrar pautas ambientais e culturais, argumentando que a cultura também sofre os efeitos diretos das mudanças climáticas e pode ser uma aliada estratégica no enfrentamento da crise. “Quando você tem os efeitos das mudanças climáticas, como vimos no Rio Grande do Sul e na Amazônia, não são só casas e indústrias que são atingidas; perdem-se também pessoas, comunidades, saberes e equipamentos culturais. Tudo isso tem que estar ligado”, afirmou. Segundo Minc, essa conexão precisa estar refletida nas políticas públicas e no diálogo entre as diferentes áreas do governo.
Cultura: aliada em situações urgentes
A secretária estadual de Cultura, Danielle Barros, destacou o poder transformador da arte como aliada em pautas urgentes, como a crise climática. “A arte tem a capacidade de nos afetar profundamente. Ela é uma flecha certeira que, quando nos atinge, nos marca, nos transforma. Acredito que essa ferramenta precisa estar a serviço também das nossas mazelas e do que ainda precisamos evoluir”, afirmou.
Silvan Gastão, mestre de carimbó e produtor cultural, reiterou sobre o papel da cultura no enfrentamento à crise climática. “A cultura é uma ferramenta superpoderosa de transformação social. Já mudou o rumo da história em vários momentos, e agora tem que atravessar todas as frentes como saúde, educação e cultura, porque essa questão da crise climática é a grande mazela da atualidade”, afirmou. Silvan defendeu que artistas têm a responsabilidade de promover a conscientização ambiental em seus trabalhos: “Quando eu canto sobre emergência climática, estou falando do nosso futuro. A arte pode e deve ser esse canal”.
A diretora do Instituto de Cultura e Clima, Laura Boreia, falou sobre a prática cultural como resposta às tragédias climáticas. Segundo ela, durante as enchentes no Rio Grande do Sul, as ações culturais foram as primeiras a chegar aos abrigos, ajudando a acolher crianças, dar continuidade à educação e oferecer alternativas ao trauma. “A cultura, juntamente com as comunidades que estão se reconstruindo, é um eixo central para que as pessoas recuperem seus propósitos de vida. Além disso, ela pode chegar antes do desastre, promovendo justiça informacional, ajudando as pessoas a se organizarem e evitarem perdas maiores. A cultura já contribui muito para o campo climático, mas de forma ainda pouco reconhecida”, pontuou.
Também estiveram presentes na audiência a presidente do Quilombo do Feital, Val Quilombola; a diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas, Fernanda Kaigang; e o coordenador do escritório do Ministério da Cultura no Rio de Janeiro, Eduardo Nascimento.
   
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